Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa - ISCTE
Secção Autónoma de Direito
Mestrado "Novas Fronteiras do Direito"
Página actualizada em Junho de 2008

Para versões anteriores, consultar o Arquivo

Novas Fronteiras do Direito
no "site" do ISCTE

 

Apresentação

Objectivos

Plano de estudos

Condições de acesso

Funcionamento

Disciplinas

Docentes

Coordenação

Notícias

Ligações

Mapa detalhado

Sobre este 'site'

 

 

          
         
Direito e Bioética                            (Sumários, ver área de acesso condicionado)

          O Direito face às novas técnicas biomédicas e biotecnológicas 

   

Docente: Profª. Doutora Paula Lobato de Faria


Índice

1. Introdução

2. Objectivos

3. Temas

4. Métodos de ensino

5. Bibliografia Sugerida

6. Websites 

 

1. Introdução      [voltar ao índice]

Todo o progresso científico com consequências revolucionárias na vida da humanidade sempre teve repercussões fortes nas estruturas do Direito.O aparecimento do maquinismo durante a revolução industrial levou à criação da responsabilidade civil "pelo risco"; o automóvel criou a figura do "seguro obrigatório"; a fotografia está na origem do "direito à imagem"; o desenvolvimento da imprensa, ao qual a invenção do telefone não é estranha, obrigou a um reconhecimento do "direito à vida privada"; a informática gerou um "direito à protecção de dados" e as novas técnicas de manipulação genética um "direito a um genoma humano não alterado".

Considera-se, no entanto, que as repercussões produzidas no Direito pelos recentes progressos da medicina e da biologia são mais fortes do que todas as anteriores, dado que abalam de forma inédita princípios jurídicos de importância basilar. De facto, dicotomias clássicas como as que distinguem "Pessoa" e "Coisa", "Homem" e "Mulher" ou "Vida" e  "Morte", são postas em causa v.g. pelas dúvidas quanto à natureza do material genético humano, pelas possibilidades científicas de um homem poder um dia gerar uma criança ou pelas novas técnicas de manutenção artificial da vida.

É a própria noção de natureza humana que parece ser posta em causa pelas novas técnicas biomédicas e biotecnológicas. A biologia moderna "parcelizando" o ser humano, arrisca-se a levar o jurista a uma concepção que distinguiria a pessoa do seu corpo, o que contraria princípios seculares da visão jurídica do humano como uma entidade física e psíquica indivisa.

Contudo, a resposta do Direito a estes desafios não se apresenta tarefa fácil. Aprovar leis é (ou deve ser) o decretar a "vontade consensual" do corpo social ou legislativo e o consenso relativo aos problemas morais suscitados pela moderna biomedicina é um bem raro. O debate sobre estas questões situou-se pois, de início, fora do Direito e do seu seio mandatório e coercivo, tentando sobretudo encontrar os princípios morais recomendatórios - a Bioética - que pudessem guiar a Ciência em observância com os direitos fundamentais do ser humano.

Actualmente, passados já bastantes anos sobre o despertar do "debate bioético", parece chegado o tempo em que a Bioética começa a ser "absorvida" pelo Direito, transformando-se em Biodireito, conceito ainda novo, mas que ganha terreno à medida que o legislador intervem nas áreas de conflito jurídico criadas pelas últimas evoluções das técnicas biomédicas.

Assistimos em todo o mundo a batalhas judiciais envolvendo situações de litígio provocadas pelos avanços das ciências biomédicas, tais como mulheres viúvas que desejam ser inseminadas com o esperma congelado do marido defunto; pais que pedem aos tribunais que autorizem a recolha de material biológico em filhos sob a custódia do outro progenitor (para transplante em meios irmãos); doentes que clamam pelo direito de propriedade sob o seu próprio material biológico (Moore vs  Regents of the University of Califórnia, 1984); mulheres que alugaram o seu útero para transportar o bébé destinado a outro casal, mas que após o parto não se querem separar da criança; pais que requerem testes de ADN para provar (ou desmentir) a sua paternidade. 

Em Portugal, as questões mais controversas provocadas pelos avanços das ciências biomédicas, continuam sem cobertura legal ou com regulamentação insuficiente. É o caso das técnicas de reprodução assistida, as quais, apesar de diversas tentativas nesse sentido, ainda continuam sem resposta legal e dos testes genéticos, cujas sérias implicações éticas, sobretudo ao nível da potencial discriminação por motivo dos seus resultados, não foram ainda acauteladas no nosso ordenamento jurídico.

A nível europeu, a maior aproximação à criação de um corpo de normas de Biodireito é da autoria do Conselho da Europa, através da Convenção dos Direitos Humanos e da Biomedicina, assinada em Oviedo a 4 de Abril de 1997, tendo sido elaborada tendo em conta “a necessidade de respeitar o ser humano como indivíduo e como membro da espécie humana”, reconhecendo “que a má utilização da biologia e da medicina podem levar a acções que ponham em causa a dignidade humana” afirmando que “o progresso na biologia e na medicina deve ser usado para o benefício das gerações presentes e futuras” (cfr. Preâmbulo da Convenção).

Será em todas estas interacções nas fronteiras da Ciência, do Direito e da Ética que se baseará o trabalho a realizar na disciplina de Direito, Biodireito e Bioética.

 

2. Objectivos:      [voltar ao índice]

Dar a conhecer aos alunos as grandes áreas de problemas sobre as quais versam a Bioética e o Biodireito, sensibilizando-os para as principais dificuldades morais implicadas, numa óptica inserida nos princípios jurídicos ou na legislação específica aplicável, de natureza interna, comunitária ou internacional.  

 

3. Temas:      [voltar ao índice]

1. Direito, Bioética e Biodireito - Definições, conteúdo, métodos, princípios e normas aplicáveis

2. Procriação medicamente assistida e estatuto do embrião 

3. Clonagem e células estaminais

4. Biobancos e direitos de disposição sobre o nosso corpo

5. Genética – Testes genéticos; discriminação genética, etc.

6. Doação de orgãos 

7. Reanimação e Eutanásia 

 

4. Métodos de ensino:      [voltar ao índice]

Serão privilegiados os métodos de ensino que incluam e promovam o debate geral e multidisciplinar dos temas entre todos os alunos, tais como: trabalhos e apresentações em grupo, discussão em mesa redonda com/sem role play, etc.

 

5. Bibliografia Sugerida      [voltar ao índice]

  • Bioethics – An Anthology -  KUHSE, Helga and SINGER, Peter, et al., Ed. Blackwell Philosophy Anthologies, Cornwall, 1999, ISBN 0-631-20311-7;
  • Bioética e Deontologia Profissional – RUI MANUEL LOPES NUNES, Ed. Gráfica de Coimbra, Coimbra, 2002, ISBN: 972-603-266-0;
  • Clonagem Humana ATLAN,H., et al. , Ed. Quarteto, Coimbra, 2001, ISBN 972-8535-28-7;
  • Consentimento Informado para o Acto Médico no Ordenamento Jurídico Português – JOÃO VAZ RODRIGUES, Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 2001, ISBN 972-32-1013-4;
  • Contemporary Issues in Bioethics – TOM L. BEAUCHAMP e LEROY WALTERS, Ed. Thomson,Wadsworth, 6ª ed., 2003;
  • De la Bioéthique au Biodroit - NEIRINCK, Claire et al. , L.G.D.J., Paris, 1994, ISBN 2-275-00422-X ;
  • De la Bioéthique au Biodroit NEIRINCK, Claire et al., L.G.D.J., Paris, 1994, ISBN 2-275-00422-X ;
  • Direito da Medicina I – A. DA CUNHA RODRIGUES, et. al.,  Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 2002, ISBN 972-32-1122-X;
  • Direito da Saúde e Bioética - A. MARQUES DOS SANTOS, C. FERREIRA DE ALMEIDA, MARCELO REBELO DE SOUSA, MICHEL FROMONT, MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, NOGUEIRA DA ROCHA, PEDRO MADEIRA DE BRITO, PAULA LOBATO DE FARIA, ROBIN DE ANDRADE e SÉRVULO CORREIA,  Ed. Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa,  Lisboa, 1996, ISBN:972-9495-01-07;
  • Direito da Saúde e Bioética - OLIVEIRA ASCENSÃO, NOGUEIRA DA ROCHA, MÁRIO RAPOSO, SINDE MONTEIRO, SÉRVULO CORREIA, SOARES MARTINEZ, FREITAS DO AMARAL, PAULA LOBATO DE FARIA, JEAN-MARIE AUBY, Ed. Lex,   Lisboa, 1991, ISBN: 972-9495-01-07;
  • Données génétiques informatisées: un nouveau défi à la protection du droit à la confidentialité des données personnelles de santé, P. LOBATO DE FARIA, Ed. Presses Universitaires Du Septentrion, Villeneuve d’Ascq, 1999, ISBN 2-284-00332-X ;
  • Genoma e Dignidade Humana NUNES, R., MELO, H. E NUNES, C. – Genoma e Dignidade Humana, Gráfica de Coimbra, 2002;

·         Human Rights and Biomedicine SMITH II, George P. - Human Rights and Biomedicine. Washington, DC, USA , Catholic University of America, Ed. Kluwer Law International, Novembro 2000, ISBN 90-411-1447-5;

  • Informática e Privacidade - AMADEU GUERRA, Ed.Vislis, Lisboa, 1999, ISBN 972 – 52 – 0044-6;
  • Le Contrat Naturel – MICHEL SERRES, Ed. Flammarion, Paris, 1992;
  • Le principe responsabilité – une éthique pour une civilisation technologique, HANS JONAS, Hans 3rd edition, Les Éditions du Cerf, Paris, 1993;
  • Principles of Biomedical Ethics - TOM BEAUCHAMP e JAMES CHILDRESS, Ed. Oxford University Press, New York, Oxford, 3ª Edição, 1989, ISBN 0-19-505902-6;
  • Source Book in Bioethics – A Documentary History - JONSEN, Albert R., et al. Georgetown University Press, Washington, D.C., 1998, ISBN 0-87840-683-2 ;
  • Temas de Direito da Medicina - GUILHERME DE OLIVEIRA, Ed. Coimbra Editora, Coimbra, 1999, ISBN 972-32-921-7;
  • The Ethics of Suffering – Modern Law, Philosophy and Medicine, DIAMANTIDES, Marinos, Ed. Ashgate, Burlington, USA, 2000, ISBN 0-7546-1326-7;

 

6. Websites       [voltar ao índice]

 

6.1 Governamentais

European Union :  http://europa.eu.int/

European Parliament : http://www.europarl.eu.int/home/default_en.htm 

European Commission: http://europa.eu.int/comm/index_en.htm

The Council of the European Union  http://ue.eu.int/en/summ.htm

European Court of Justice  www.curia.eu.int/ 

The European Union Law site, (“Eur-Lex”) -  www.europa.eu.int/eur-lex/en/

http://europa.eu.int/scadplus/scad_en.htm  actividades EU por tema

The Council of Europe: www.coe.int/ Convenções - http://conventions.coe.int/

European Group on Ethics, Science and Technology homepage http://europa.eu.int/comm/european_group_ethics/index_en.htm

The European Court of Human Rights -  www.echr.coe.int/

6.2 Não-Governamentais e Académicos

World Health Organisation Regional Office for Europe: www.who.dk

World Medical Association: http://www.wma.net/e/home.html

European Database Network: EUROETHICS:   www.ehm.kun.nl/ehm/efg/doc/bioeteng.htm

European network for patients' rights: http://lists.essential.org/med-privacy/msg00294.html

The University of Minnesota Human Rights Library - http://www1.umn.edu/humanrts

Lawlinks - University of Kent, Canterbury, UK -  http://library.ukc.ac.uk/library/lawlinks/special.htm

The European Document Centre -  http://www.uni-mannheim.de/users/ddz/edz/eedz.html

US National Institutes of Health -  http://www.nih.gov/sigs/bioethics/index.html

The European Journal of Health Law -  http://www.kluweronline.com/issn/0929-0273/current

6.3 Específicos para Bioética e Biodireito

www.cordis.lu/rtd2002/science-society/ethics.htm

http://europa.eu.int/eur-lex/index.html

http://europa.eu.int/comm/research/quality-of-life/stemcells.html

www.social.coe.int/en/qoflife/ethics.htm

www.cnecv.gov.pt (Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida)

www.cnpd.pt (Comissão Nacional de Protecção de Dados)

 


'Site' do Mestrado "Novas Fronteiras do Direito"
http://mnfd.sad.iscte.pt/   ou  http://cadeiras.iscte.pt/NFDir/   
Página actualizada em Junho de 2008
topo da página   |  gina principal  |  sobre este 'site'