Instituto
Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa - ISCTE |
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Fronteiras do Direito
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Para Jean-Jacques Rousseau, economia designa o bom governo da casa para o bem comum da família. A arte de governar consistiria em saber como utilizar a economia no Estado. “Governar” significa fazer funcionar a economia ao nível do Estado: a vigilância do pai de família na sua casa e bens / o controlo do governante sobre os seus habitantes e riquezas. 2
- Governar consiste em assegurar “a correcta disposição das coisas de
que se toma conta para serem conduzidas a um fim conveniente”. Em que
consistem essas “coisas”? Para Maquiavel, o objecto / alvo do Poder são apenas o território e os seus habitantes. A SOBERANIA não é sobre as coisas mas sobre um território e só depois sobre os súbditos. Para la Perrière, as “coisas” não têm a ver com um território, mas com as relações dos homens com o território (recursos naturais, clima), dos homens entre si (costumes, riqueza, cultura) e dos homens com o ambiente circundante (acidentes, epidemias). 3
- Que “fim conveniente” é esse que o governo deve respeitar? O fim do governo deve ser “o bem comum” e “a salvação de todos”. O soberano legítimo nunca é simplesmente autorizado a exercer o seu poder, devendo evitar a arbitrariedade. Não pode ter interesses pessoais se estes não forem os do Estado. Para Maquiavel, o objectivo principal do Principe é o de manter o seu principado. Para la Perrière, “governar” consiste na correcta disposição das coisas, conduzindo-as a um fim aceitável. Não se impõem leis, as coisas são dispostas de acordo com tácticas. O fim da SOBERANIA – encontrar em si própria os instrumentos de poder (LEI). O fim do GOVERNO – aperfeiçoar os processos que dirige, usando tácticas como instrumento. 4
- Qual o comportamento a ter por parte de quem governa? Paciência – temperança. Sageza – saber o que precisa fazer. Diligência – fazer apenas o que serve os governados. O desbloqueamento da arte de governarA perspectiva de análise da população permitiu eliminar definitivamente o modelo familiar, substituíndo-o pelo de uma massa de indivíduos colectivamente considerados. A economia, recorrendo ao modelo da população, revelará as suas próprias regras e os efeitos próprios da agregação de indivíduos. A família desaparece como modelo de governo. A população aparece como sujeito de necessidades, mas também como objecto nas mãos do governo, a ter em conta nas suas observações, para se conseguir governar de forma eficaz. O resultado mais relevante da aparição do elemento “população” foi o aparecimento da “economia política”, ao nível de intervenção a nível de políticas económicas ou populacionais. Da “arte de governar” a uma “ciência política”, de um regime de soberania a um regime de governo, o nascimento da economia política foi feita em torno do conceito de “população”. A soberaniaO seu papel aumentou quando a arte de governar se transformou em ciência política – procura‑se uma forma jurídica institucional, um fundamento de direito que se possa atribuir à soberania que caracteriza um Estado. Segundo Jean-Jacques Rousseau, há necessidade de saber como, por consenso, se pode integrar um princípio geral de governo com um princípio geral de soberania. A disciplinaEsta é necessária para gerir a população em profundidade. Nasce com as monarquias administrativas, de forma a gerir uma massa de fenómenos ou resultados de conjunto. Existe um triângulo entre “governo”, que não substitui mas se associa à “disciplina”, e que não substitui mas se complementa com “soberania”. Este edifício tem por alvo a “população”, e necessita mecanismos a que se dá o nome de “dispositivos de segurança” (polícia). A população surge como um dado, um campo de intervenção, que constitui o objecto das técnicas de governação, que isola a economia como um sector específico de realidades, e a economia política como ciência e como técnica de intervenção do governo no campo do real. ConclusãoDe acordo com o próprio Foucault, o nome atribuído ao curso no âmbito do qual proferiu esta aula deveria ser o de “História da Governamentalidade”, e isso por três coisas:
Existe uma valorização excessiva do Estado, que leva a dois comportamentos distintos: um exagero do seu papel na sociedade, ou uma postura redutora, minimalista. O Estado é uma realidade complexa, uma abstracção mitificada, com importância muito menor do que se pensa. Para Foucault, “o que é importante nesta modernidade, na actualidade, não é tanto a estatização da sociedade, mas a ‘governamentalização’ do Estado”. O Estado de governação que se apoia na sua população e usa como instrumento o saber económico, corresponde a uma sociedade controlada por dispositivos de segurança: a “polícia”.
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